terça-feira, 10 de novembro de 2009

A dor de dizer adeus... ou até logo

Hoje fazem exatamente 3 meses que desembarcamos aqui em Melbourne. Lembro bem que nunca tive a pretensão de fazer amigos aqui. Na verdade, esse assunto nunca tinha me passado pela cabeça.

Mas, quando você está em um país estranho, tão distante geograficamente de quase todo mundo que você conhece ou já conheceu na vida, as pessoas com quem você obtém o mínimo de proximidade viram quase irmãos, uma segunda família mesmo.

A gente tem experimentado isso aqui. As pessoas com quem a gente trabalha no restaurante brasileiro, o Copacabana, apenas 2 vezes por semana e sempre na maior correria são as mesmas com quem a gente cria os laços mais fortes. Como todo mundo aqui está na mesma situação, você confia cegamente em pessoas que acabou de conhecer, a ponto de levá-las pra dentro da sua casa. De fato, parece que aquela malandragem brasileira é a primeira coisa que fica pra trás quando se chega aqui. São essas pessoas com quem você tem o mínimo de convívio que te arrumam emprego, que te indicam lugares pra morar, que te ajudam a entender o sistema de transporte público, que te dão dicas de como sobreviver por aqui. São essas pessoas com quem, de repente, você cria laços quase como se fossem amigos de infância, como se conhecessem a sua alma. E provavelmente conhecem, porque todos passam exatamente pelos mesmos sentimentos.

E tudo isso porque a carência de cada um de nós aqui em terras estranhas faz com que cada sentimento tenha um peso mil vezes maior que o normal, que teria aí no Brasil.

A verdade é que, como eu já disse, todo mundo passa pelas mesmas dificuldades aqui. Desde os que vêm por pouquinho tempo, pra ficar poucos meses pra estudar ou se aventurar, até os que já vêm sabendo que vão ficar pra sempre.

Quando nós chegamos, algumas das pessoas que já moram aqui há mais tempo me disseram que, sempre que chega um brasileiro novo, a primeira coisa que elas perguntam é quanto tempo vai ficar por aqui e, se for pouco tempo, elas nem se aproximam muito. Confesso que achei aquilo um absurdo, mas hoje eu entendi isso um pouco melhor.

Realmente é difícil e inexplicável. Mas hoje eu consegui aprender uma coisa
A todos que eu estou conhecendo e que ainda vou conhecer, que vão passar pela minha vida nessa fase, um pedaço de mim estará sempre com vocês e um pedaço de vocês estará sempre comigo.

Espero deixar as melhores partes de mim com cada um.

Brasil, saudades...

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